terça-feira, 7 de setembro de 2010

Raios-X causam mutação das células, que podem resultar em tumor cancerígeno

Brasileiros recebem mais doses de radiação em exames desnecessários, mostram cinco estudos feitos em hospitais.

Especialistas criam comissão para tentar aumentar o nível de segurança em radio, tomo e mamografias.

Pacientes brasileiros estão sendo expostos sem necessidade à radiação em exames de raios-X e tomografias.

A constatação é de pelo menos cinco estudos publicados nos últimos anos na revista científica "Radiologia Brasileira", que reúnem dados de hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Paraná e Pernambuco.

Segundo os pesquisadores, as razões vão desde um maior número de exames feitos sem necessidade a equipamentos radiológicos descalibrados e funcionários mal treinados sobre a dose de radiação mais adequada.
O problema é global e afeta principalmente países com níveis elevados de tratamento de saúde, segundo relatório da ONU divulgado no mês passado em Genebra.

Anualmente são feitos 3,6 bilhões de radiografias no mundo, um aumento de 40% em relação à ultima década. Em muitos países, a exposição radiológica médica já supera os casos de exposição por fontes naturais (radiação solar, por exemplo).

A exposição a níveis altos de radiação pode causar de lesões graves (queimadura e queda de cabelo) à morte. Mas isso dificilmente ocorre em um exame radiológico.

Outra possibilidade são os chamados efeitos estocásticos, em que a probabilidade de ocorrência de um câncer, por exemplo, é proporcional à dose de radiação recebida.

Os exames de radio, mamo e tomografia usam radioatividade para criar imagens do interior do corpo; os raios atravessam as células do corpo e, dependendo da intensidade e do tempo de exposição, podem danificá-las. A célula sofre mutação e, ao se reproduzir, propaga a mutação. Isso pode resultar em tumor.

Tomografia é o exame que mais emite radiação

Um dos grandes avanços da medicina, a tomografia computadorizada é hoje o exame que emite mais radiação ionizante.

A quantidade chega a ser dez vezes superior ao aparelho de raios X convencional. Porém, o exame produz imagens muito mais nítidas.

Os especialistas afirmam que, na indicação da tomografia, o médico deve sempre avaliar a relação custo/benefício.

Fonte: Folha de S.Paulo, de 5/09/2010